20 de dezembro de 2016

achava que era difícil perder-me, tão difícil que estou a tentar entender como me perdi. 
eu era organizada, metódica e acima de tudo esforçava-me por tudo o que eu quisesse que desse certo. eu era uma pessoa que chegava ao fim do dia e sentia o esforço do que era fazer pela vida, pelo o que se queria, por quem se queria.
então esta covardia é uma novidade para mim e talvez a maior aventura que vou passar durante uma infinidade de tempo. estou livre e deveria estar feliz por isso mas na realidade, estou presa.
presa dentro de um turbilhão de pensamentos, sentimentos e emoções que não sei onde encontrar a saída de todos eles.
sei que por algum lado entrei neste abismo, alguma porta de entrada eu descobri por minha estupidez quando nunca outrora teria entrado, nunca outrora me teria deixado levar mas a verdade é que aqui estou e agora não tenho modo de sair.
estou perdida e deveria permanecer como castigo mas sempre tive medo do que é novidade, medo de viver o que não entendo, medo de me desorientar ainda mais. 
desiludo-me, por tudo o que fiz que não foi suficiente, pelo que não fiz que poderia ter mudado o rumo de tudo, por tudo o que quis e perdi, por todo o esforço que se desvaneceu, por todas as tentativas falhadas. 
desiludida por não ser o suficiente. 
para nada nem para ninguém, nem mesmo para mim.


e como tudo quer tudo perde,
infelizmente eu perdi.


29 de novembro de 2016

"Ela entra sem bater a porta e vai directo ao ponto: ou isto ou aquilo. Enquanto tu ficas dividido em cima do muro, ela dispensa os meio-termos: tem pavor de gente indecisa, de se esconder atrás de motivos, de venerar os rodeios. Se tu és labirinto, ela não brinca.
Ela caminha na tua direcção e tu sabes que é ela porque tremes. Tremes mesmo que ela esteja de ténis ou com um salto gigante, tremerias mesmo se ela estivesse descalça. Tu sentes peso e ela sente-se leve. Sente que tirou um peso grande das costas ou, se ainda não tirou, vai tirar em breve. A grande vantagem de ser directa é essa: não perder tempo com o que poderia ser. Ou é, ou não é. Não há 8 ou 80, e ela também não aceita um 40.
Há quem diga que a vida não é bem preto no preto e branco no branco, mas quem é que disse que tu precisas de definir as coisas assim? Ela é a prova viva de que tu podes colorir o mundo da forma que quiseres, desde que saibas como queres pintá-lo. E se ela depender de outra pessoa para o mundo dela ter cor, ela adianta-se e tira a prova dos nove sem deixar que alguém faça malabarismos com a vida dela. Porque mais tarde ou mais cedo o malabarismo cai, ela diz, e só quem pode equilibrar a sua vida é ela.
Se ela gosta, ela liga no dia seguinte. Se ela gosta mais ainda, ela vai para a cama e ai dele (ou de ti) se a criticares por ser decidida. Se lhe lançarem um piropo e ela não quiser, ela diz na cara e, amigo, é melhor saíres porque estás a incomodar. E tu vais perceber se ela gostar de ti ou não porque ela vai dizer com todas as letras que te quer – ou que não quer, se for o caso. Há quem goste e quem não goste disso. Pessoalmente, eu acho incrível a forma como ela lida com as vontades e se põe em primeiro lugar. Mas quem sou eu para achar alguma coisa, se ela sabe que a dona do mundo dela é… ela.
Uma vez perguntaram-lhe o porquê da pressa e ela disse que não é pressa, é que as pessoas se acostumaram muito a dar voltas e mais voltas quando tudo o que nós queremos sempre esteve ali na nossa frente. E depois que aprendeu isso, ela deixou de se importar com o que pensariam ou com o que ela mesma julgaria errado. O importante era não perder tempo para ser um pouco mais feliz. E então ela foi. Foi em linha reta e dizem por aí que ela tem sido muito mais feliz do que antes era, quando ainda colocava os outros, a culpa e um monte de obstáculos à frente dela."

(Source: Daniel Bovolento)

25 de novembro de 2016

corpo pesado, mente exausta, coração quebrado e pensamento a pedir demissão: é assim que chego ao fim do dia.
hoje é mais uma noite; mais uma em que as horas não passam, em que a lua se esconde e que as nuvens choram. sentada no chão da varanda de cotovelos nos joelhos, encosto o queixo na palma das mãos e tento disfarçar a insónia com cara de sono mas os olhos não fecham e a mente não se cala. a brisa gelada arrepia-me, as gotas salpicam-me a roupa e a escuridão abraça-me.
será mais uma madrugada agoniante, parada a ver a noite passar à minha frente; o telemóvel apenas está autorizado a passar o som da música que oiço enquanto tudo o resto está em silêncio para que não me incomodem ou eu não possa incomodar ninguém. viajo no espaço sem cálculo de volta, divagando perdida por memórias. 
de olhos inchados e cansados já não choro, pasmo em dor a olhar em frente como se a minha retina congelasse na tua imagem e passo toda a noite sem dormir a vê-la. esqueço-me de sentir enquanto penso e esqueço-me de pensar enquanto te vejo. 
preferia nunca te ter encontrado para nunca ter de te ver ir embora; preferia que nunca me falasses para nunca ter de ensurdecer com o teu silêncio. preferia dormir uma semana inteira sem sonhar do que sonhar acordada contigo a toda a hora.


24 de novembro de 2016

numa cidade há um milhão de pessoas, noutra outros milhões; algumas cidades são tão distantes que numa é verão e noutra é inverno.
em cada uma dessas cidades há pessoas a falar línguas diversas, percorrendo ruas distintas e a pensar em outras pessoas, talvez até noutras de alguma cidade diferente. quantas delas não cultivam dentro de si em segredo uma paixão distante? cada uma delas tem em torno de si inumeráveis olhos e vozes, uma rotina habitual, presenças físicas constantes e conhecidas mas há alguém noutra cidade que faz parte do seu pensamento tanto quanto o resto. eles não se telefonam mais, nem se escrevem.
escreviam em tempos textos que chegavam a vibrar no bolso e que aqueciam o coração.
textos que falavam em sentimentos mas que não sentem mais.
agora os dias passam de forma lenta e assustadora, enquanto as mãos de um gelam e as do outro por lá aquecem; o domingo já chegou mal chega a noite de sábado e lá vem de seguida a segunda a preparar para mais uma semana agoniante sem o tal vibrar habitual.
sim, haviam frases cheias de luz. mas a vida trai-nos e o coração também.
os astrónomos dizem que muitas vezes ficamos a observar as estrelas jurando pela sua existência, quando na verdade há séculos que elas já se apagaram na escuridão do caos. mas nunca importa a estrela e sim a luz que ela irradia.
então a pessoa não está ao nosso lado, não se vê a passar na rua, não se ouve ao longe, não se lhe toca no cabelo ou lhe agarra pelo corpo, não há presença física quente ao nosso lado mas sente-se calor dentro de nós na mesma. a pessoa vira fotografia no telemóvel, borboleta perdida dentro de nós, brisa que recebemos no rosto, ecos, sombras, memórias, algo que adoramos e queremos. mas ela não nos quer, não está aqui, não nos ouve, nem nos sente. ela vira poeira dolorosa que custa a limpar, voz a ecoar na mente que não se quer calar, pesadelo durante a noite quando já teria sido sonho, um fantasma que nos acompanha se for necessário para o resto da vida.
 (adaptado do texto de Rubem Braga)

10 de novembro de 2016

4h50. 
desperto sobressaltada pelo teu rosto à minha frente ouvindo a tua doce voz a gritar comigo (...) por favor deixa-me dormir!
levanto-me.
é mais um dia em que as horas custam a passar, mais um dia em que todos os minutos são passados a olhar para o telemóvel e a cada toque que se ouve o coração aperta e dói, dói porque não és tu. porque não há sinal de ti.
sorrio, com vontade de explodir; trabalho, com vontade de sair; falo com vontade de estar calada.
e finalmente termina o dia no local onde ainda me consigo abstrair para chegar a casa e perder-me em memórias de conversas nossas, em sorrisos ao telefone pelas divisões, em saudades que não sabia de onde vinham. então enraiveço, meto-me aos berros sozinha pela casa, a sentir os nervos a queimar pelas veias, o corpo trémulo e uma confusão tremenda na cabeça.
continua, porque está a resultar; 
continua, porque me vais perder;
continua, espero que te orgulhes.



9 de novembro de 2016

silêncio.
silêncio é o que há mesmo estando com a música a rebentar nos ouvidos, silêncio é o que há mesmo quando metade de mim grita porque metade de mim é o que oiço e outra metade é o que calo.
o silêncio incomoda porque é inexpressivo, ele incomoda porque é ensurdecedor, ele incomoda porque também fala.
o que é o silêncio senão ausência? e o que provoca o silêncio senão saudade? quantas palavras foram gastas até ele chegar? e o quanto somos egoístas por nos silenciar?
então sempre que houver silêncio, ouve-o! porque o silêncio também é uma resposta.
e calada num silêncio que reúne milhões de palavras e pensamentos aqui estou.
em silêncio que planeia coisas que não são compartilhadas, em silêncio que fala alto, em silêncio que me atira ao chão e faz tilintar constantemente o meu interior. silêncio que me corrói como um ácido pelos meus sentimentos; silêncio que se torna um analgésico, a cura para todos os males, o escudo para todas as flechas que vêm e virão.
silêncio, silêncio que sempre te odiei de todas as formas e feitios.
silêncio que me fizeste atirar para um poço onde eu nunca me atirei, um abismo de orgulho onde me afundo lentamente, um silêncio que me apagou a luz.
silêncio que me habituo a ti e me agarro com toda a força, silêncio que me protege de dizer o que não devo, silêncio que me estás a reconstruir mais fria, mais amarga, mais orgulhosa, mais eu.



estou sentada em frente ao mar, cigarro a queimar numa mão e na outra o telemóvel enquanto tento digitar..
hoje era o dia: o dia em que andava a planear agarrar no carro e meter-me a caminho, o dia em que todos os receios e dúvidas terminavam, o dia em que finalmente te olharia nos olhos.
olho para o vasto horizonte e tento alcançar o fim do oceano onde o céu e este se cruzam e imagino-te junto à costa à minha espera. mas tu não estás lá, nem eu estou a caminho.
hoje estou apenas eu e o som do mar, apenas eu na minha cidade, apenas eu divagando em mil e um pensamentos, apenas eu a queimar a mente contigo.
hoje marquei o encontro certo: o encontro entre as minhas lágrimas e o mar para que o seu sal se funda na perfeição, para que ele as consuma e lhes dê melhor proveito. 
as ondas vêm e vão assim como a tua falta. querem-me arrastar e que eu me afogue nelas mas eu não vou, eu não posso ir. afogar-me nelas era afogar-me a mim mais uma vez.
então apenas vou ficar aqui sentada em frente ao mar enquanto apago o cigarro na areia, enquanto oiço a maré em vez da tua voz, enquanto cheiro a brisa em vez do teu perfume, enquanto te esqueço em vez de te lembrar.


17 de outubro de 2016

estou cansada, desiludida e feita em trapos e por mais que queira culpar alguém por isso só posso apontar o dedo a mim mesma pois eu é que sou uma pobre iludida.
fico surpreendida em como tudo é descartável nesta vida, em como as pessoas nos usam, abusam e julgam que não nos incomodam com as atitudes que têm.
não sou miss perfeição, não sou um exemplo para a humanidade e muito menos mereço o prémio Nobel da paz mas tentei sempre manter uma postura e pensamento correcto para comigo e toda a gente, mostrando-me disponível para ajudar tudo e todos para não virar as costas a ninguém, para quem sabe, mudar a vida de alguém e ser gratificada apenas pela simples presença mútua das pessoas na minha vida e no fim pouco ou nada me resta.
tenho idade para ter juízo, deixar-me de tangas, fazer-me á vida e preocupar-me é com as minhas coisas mas sou estúpida o suficiente para meter as mãos no fogo por algumas pessoas e ainda ter de bater com a cabeça nas paredes por elas quando nem um dedo mexem por mim.
é lixado, habituares-te á presença de alguém na tua rotina, aprenderes a lidar com ela, a gostar dela e depois nada resta a não ser o silêncio, a estranheza. eliminam-te da sua vida como se elimina amizades no facebook e como adorava fazer isso assim tão facilmente como faço nas redes sociais...
por mais que queira e por mais que as pessoas todas digam que tenho mau feitio, eu sou estúpida o suficiente para ainda querer o bem de quem me faz mal, (apesar de me armar em forte e dizer ao mundo inteiro que quero que caiam é numa valeta e desapareçam) quero a felicidade de quem um dia me fez feliz, nem que seja para ficar de consciência tranquila. mas porra ! dói ! dói porque parece que o esforço é em vão, que a mão que dás a alguém é como um objecto sem valor. dói porque tens de admitir que a culpa é tua e ainda dói mais porque perdeste tempo com quem nunca perdeu um segundo contigo.
a quem me deixou para trás por favor não voltem mais, não voltem mesmo porque se é para ser falso não valem a pena fazerem-se de amigos.

9 de setembro de 2016

desço no elevador até à garagem, acendo a luz e ali está ela, a melhor coisa que tenho nos últimos meses, a minha mota, a minha perdição!
talvez ninguém entenda esta obsessão e muitos pensem que isto surgiu num estalar de dedos na minha vida mas tudo isto vem desde que me conheço.
na verdade não é fácil ver alguém que amamos e que nos é próximo paraplégico, não é fácil então saber que foi uma mota que o meteu nesse estado.
o meu tio é das pessoas que mais valorizo, vejo-o assim desde que me lembro de existir, ele ficou preso a uma cadeira de rodas mal terminou a adolescência e nada disso foi fácil para a minha família.
a minha mãe culpa-se ainda hoje e o meu pai (outro fanático por motas), acabou por vender a sua Kawasaki que hoje seria minha caso tudo isto não acontecesse.
confesso que pedi a Deus ou a quem me estivesse a ouvir algures que as motas saíssem da minha vida, ver o meu tio assim, ver acidentes a acontecerem a outras pessoas que estimo e ver noticias de desgraças pela televisão fazia com que pedisse constantemente que nunca me desse a ideia alguma vez de agarrar num motociclo.
fiz 21 anos e não aguentei, juntei alguns trocos e decidi dar o primeiro passo: inscrever-me na escola de condução. a ideia para os meus pais foi inconcebível e obviamente rejeitada e eu não posso negar, eu também estava com receio. nunca em 21 anos me sentei numa mota e tentei conduzi-la mas cada vez que me lembro das sensações que me corriam no corpo em miúda agarrada ao meu pai à pendura são as melhores memórias que guardo comigo até hoje.
disseram-me que isto não me estava no sangue, que era louca e quase imploravam por todos os lados para desistir; comprei a mota e insinuaram que nunca seria capaz de andar nela, que era muito larga, muito alta, demasiado perigosa e eu olhava para ela e achava a coisa mais perfeita que poderia ter comprado.
não posso dizer que foi simples, a primeira vez que me sentei nela estranhei, tombei com ela por três vezes por não conseguir aguentar-lhe com o peso, mal tocava com os pés no chão e aquele acelerador assustava-me de morte; eu mesma cheguei a pensar que não seria capaz e evitei tocar-lhe até ter a carta nas mãos, mas quando tive..
é indescritível: o vento no corpo, a liberdade, sentir o peito encostado ao depósito, as mãos a suar nas manetes numa mistura de medo com ansiedade, olhar para a minha sombra e orgulhar-me de estar em andamento, sentir o sangue a fervilhar, o coração a pulsar e o sorriso estampado no rosto por dentro do capacete.
desde que ela está na minha vida eu passei a acreditar em mim, a orgulhar-me, a salientar que nada é impossível. eu calei a boca de muita gente, fiz o meu tio ficar orgulhoso, o meu pai ficar admirado e a minha mãe a confiar na minha condução;
com ela ganhei novas amizades, novos conhecimentos; com ela todos os dias ganho sorrisos e até gargalhadas pela figura que alguns fazem na rua ao verem-me passar (sim, se eu me visse acho que também esfregaria os olhos duas vezes para ver se era realidade)!
foi graças a ela que passei a acreditar em amor à primeira vista, graças a ela que ganhei outra responsabilidade, outra forma de ver a vida e as coisas. ela já viu em mim os meus dias bons e os maus; já me viu sorrir, já me aparou as lágrimas, já me viu descontraída e também em pânico; ela já me sentiu tensa até lhe apertar os punhos mas também já me suportou o peso quando me deitei em cima dela. ela não é apenas um objecto ou um meio de transporte, ela é a parte de mim, do melhor de mim!

1 de setembro de 2016

finalmente o fim da tarde chegara, agarrei na mota e saí de casa pronta para mais um treino.  stress do trabalho em cima, a minha cabeça numa autêntica bomba relógio, o meu coração adormecido e o físico estourado.
mergulhei.
mergulhei não só na piscina como em mim mesma.
errei, errei desde o primeiro dia em que te respondi, errei a partir do momento em que defendi que tu nunca serias para mim o que és agora. conheci-te, confiei em ti, dei-te o meu abraço, a minha ajuda, o meu tempo e a minha constante preocupação e quando me comecei a apaixonar por cada pormenor teu quase que me afoguei em tanta ilusão, tanta palavra, tanta memória.
nado o mais depressa possível, exactamente à mesma velocidade com que te quero apagar de mim. sem dúvida é dos melhores treinos que fiz, nunca na vida me esforcei tanto dentro de água, nunca forcei tanto o coração a retroceder mas podes crer, nunca me custou tanto a respirar como hoje.
cada braçada que dou é um tormento, cada vez a custar mais, a pesar mais. está a pesar tanto quanto a minha consciência por ter acreditado em tanta coisa que não deveria. dou um último mergulho por fim, com esperança que te afogues, dentro de mim, como se nunca tivesses vindo à tona na minha vida.

29 de agosto de 2016

o sol já está a fazer o seu turno do outro lado do mundo e a claridade incessante da lua teima a furar por entre as persianas. é hora de dormir. 
em quem pensas, no que pensas? 
deitamos a cabeça na almofada e estamos constantemente a pensar em prazos de validade, nos "e se?", em quem vimos ou em quem deixámos de ver; no que fizemos e no que poderíamos ter feito. desejamos por o amanhã ser um dia melhor e que a vida se encarregue sozinha de nos trazer as coisas para a palma da nossa mão; ansiamos por alguém que nos acompanhe e aceite a nossa espontaneidade, por alguém nas nossas vidas que por uma vez não nos faça sentir inseguros. 
na verdade nós nunca nos contentamos com nada pois não? somos seres complicados à espera da aprovação dos outros deixando tudo o que nós sentimos, pensamos e necessitamos para último. 
quando temos as pessoas certas do nosso lado não é suposto mergulhar num mar de dúvidas, não é suposto parecer tudo assustador e extremamente complexo, é suposto sim ser algo mútuo.
encontrar alguém que nos aceite como somos e nos acompanhe em todas as nossas escolhas não é difícil; não é difícil encontrar alguém que nos faça crescer e sonhar mais um pouco todos os dias, alguém que faça de nós uma pessoa melhor e descubra o melhor em nós que já existe. 
quando olhas para alguém e essa pessoa não te enche de dúvidas e sim de receios, essa sim é a que deves ter na tua vida! 
porque nós não merecemos nada pela metade, nada que nos faça estar constantemente preocupados, nada que nos corte as asas. nós merecemos alguém que nos faça sentir em casa. nós merecemos uma vida que faça sentido e um amor que nos ocupe por inteiro. 

26 de agosto de 2016

os dois telemóveis despertavam mas não me apeteceu levantar, insistiam em que saísse dali mas voltei a mergulhar a cabeça na almofada mesmo sabendo que me restavam apenas 10 minutos para sair da cama. num milésimo de segundo tudo escureceu novamente e num estalar de dedos o telemóvel voltou a tocar. tentei recompor-me, melancólica ainda do sonho que tivera.
como em apenas uns minutos voltei a ver a tua cara?! corriam-me lágrimas pelos olhos, saudade que doía no peito como se desaparecesses da terra de vez. porquê que ainda me atormentas na minha mente? porquê que ainda sinto tanto a tua falta? tu não sentes a minha. 
se tudo voltasse atrás eu nunca te deixaria escapar e não nos largaríamos até ao fim da nossa vida, seria tudo como sempre foi durante tempos, tudo interminável como prometemos um ao outro uma vez. 
sinto que uma parte de mim morreu desde que te foste, como se o irmão que nunca tive tivesse falecido e não o pudesse ver nunca mais mas estás vivo e eu sei, estás feliz e eu sei, estás sem mim e infelizmente eu sei. 
da última vez que te vi não sonhas o quanto me apeteceu abraçar-te, ir a correr para os teus braços como fazia sempre que te via, foi a pior sensação do mundo ter de ficar sentada no meu canto a olhar para ti de soslaio sem poder dizer nada. fui-me embora e senti-me sozinha embora estando rodeada das melhores pessoas da minha vida. o que sinto por ti ainda hoje e provavelmente para o resto da vida é bem mais forte que todo o ódio que poderia ter e acredita que bem desejava odiar-te, matar-te de uma vez na minha cabeça. 
amar-te-ei sempre como meu irmão gémeo de coração, o irmão que se foi e não volta mais, alguém que nunca irei conseguir substituir. 

24 de agosto de 2016


"ele não te vai ligar e pedir desculpas, talvez não fale contigo nem pela internet. não se vai arrepender de nada do que fez, nem reconhecer que errou. não vai perceber que te está a perder aos poucos, ou que já perdeu. não vai pedir para que tudo volte a ser como antes, ele está feliz assim.
não vai dizer aos amigos que sente a tua falta ou algo do género, nem se vai lembrar de ti ao ouvir uma música. ele não vai passar noites acordado a pensar no quanto poderia ter dado certo, nem vai ficar a imaginar os planos que um dia se poderiam realizar. não vai sentir ciúmes ao ver-te conversar com outro homem, e com toda a certeza do mundo, não vai passar horas no teu perfil só para saber como foi o teu dia, ou se te interessaste por alguém. ele não vai perceber que fez a maior estupidez da sua vida, nem se vai lamentar por ter perdido a pessoa que o fazia sorrir. ele não vai compartilhar fotos de casais no facebook, nem escrever coisas tristes no twitter. ele não vai chorar, nem sofrer e muito menos morrer de amor. não vai dar justificações do porquê ter tudo acabado, e nem vai querer saber sobre o que pensas dele, nem como reagiste a tudo isto. ele não vai sorrir ao encontrar-te na rua, e se te ver, não vai ficar a pensar o dia inteiro em como o teu cabelo estava lindo, ou em como o teu sorriso é estonteante. ele não vai correr atrás de ninguém, e provavelmente logo estará com a mulher mais fácil que encontrou por aí. ele não te vai amar, isso, se chegou a amar algum dia."

(traduzido para português, autor desconhecido.)

2 de agosto de 2016

"Alguém vai gostar de ti exactamente do jeito que tu és. Com os teus defeitos e qualidades. Alguém que vai desejar estar contigo o tempo inteiro, que vai fazer de tudo para garantir que será um dos motivos para o teu sorriso na maior parte do tempo. Alguém que vai cuidar de ti e fazer qualquer coisa para te proteger. Alguém que vai sentir frio na barriga antes de te encontrar, que vai ficar com os nervos à flor da pele quando tu demorares para responder a uma mensagem. Alguém que vai fazer questão de te levar e te buscar. Que vai convidar-te para um jantar no meio da semana ou um almoço de família no domingo. Alguém que vai sentir orgulho de ti e comemorar junto contigo as tuas vitórias. Alguém que vai dar a vida por ti, se necessário for. Não vai hesitar em fazer-te feliz, porque acima de qualquer crise, tu és tudo o que esse alguém vai querer.
Esse alguém vai descobrir os teus pontos fracos e conquistar-te por simplesmente existir. Alguém que vai chegar como quem não quer nada e num instante tornar-se tudo. Alguém que, sem esforços, vai roubar o teu coração e dominar os teus sentidos. Vai fazer-te acreditar mesmo quando tu perderes as esperanças. Alguém que vai aparecer para te fazer acreditar no amor e te mostrar o que é sentir-se amado. Alguém que te vai fazer apaixonar cada dia mais e te provar que é possível manter a chama da paixão acesa. Alguém que te vai proporcionar o beijo mais viciante. Alguém que vai querer arrancar toda a tua roupa numa fracção de segundos e deixar-te com a cabeça confusa, mas por outro lado, vai dar-te todas as certezas que tu tanto procuras.
Alguém vai gostar de ti exactamente do jeito que tu és. Vai levar-te para lugares onde que tu nunca imaginaste estar, vai ser leal aos planos. Alguém vai fazer-te perder o sono e todo o teu juízo. Alguém vai tornar-se a razão da tua insónia e da tua saudade. Alguém vai fazer-te acordar e dormir leve, vai despertar o melhor que existe em ti. Alguém que vai priorizar-te. Alguém que fique, quando todo mundo vai embora. Que reconheça os seus erros e saiba quando pedir desculpas. Que te faça sorrir na maior parte do tempo. Alguém que vai ser o teu braço direito e o teu apoio, quando tu te sentires frágil ou impotente. Alguém que não vai soltar a tua mão e que vai mostrar-te na prática que, quem quer, simplesmente faz acontecer.
Alguém vai gostar de ti exactamente do jeito que tu és. Vai aprender a lidar com as diferenças e não te vai julgar. Alguém que te vai respeitar. Alguém que te vai fazer questionar o porquê de ter demorado tanto tempo para aparecer. Alguém que fale menos, e faça sempre mais. Alguém que não se importe em ficar sábado à noite contigo em casa. Alguém que te vai fazer admitir que a felicidade, sim, ela existe. E que depois de conhecê-la, tu nunca mais vais abrir mão dela.
Não te preocupes, apenas espera o momento certo e não tenhas medo de arriscar quando achares que vale a pena. Tem em mente que o mundo é enorme, e que o universo está em constantes movimentos, que existem milhões de corações pulsantes no planeta Terra. Ou seja, tudo com calma se ajeita. É uma mistura de merecimento, destino e escolhas bem feitas.
E quando esse alguém chegar, tu vais compreender que o amor está na simplicidade. Não está na insignificância, na grosseria ou na falta de interesse. O amor é recíproco, de graça e, ainda assim, tem um valor único.
Um dia alguém vai gostar verdadeiramente de ti, exactamente do jeito que tu és! Alguém que vai entrar na tua vida por acaso e permanecer de propósito."

28 de julho de 2016


eu sou tudo aquilo que vês: coragem, seriedade, brincadeira e integridade.
acabou-se as máscaras, acabou-se a inocência.
eu não sou mais aquela menina que move montanhas por toda a gente, eu não sou mais a que luta sempre pelo bem, eu não sou mais aquela que desenha a inicial de quem gosta nos vidros embaciados, não sou mais aquela que conheceste que dramatizava por tudo, que se preocupava com tudo.
eu sou agora tudo o que não vês, porque me ensinaste a ver que esse seria o lado bom da vida, ser despreocupada e por isso acabou-se os dramas, acabou-se os pensamentos em demasia, acabou-se o dar tudo a troco de nada, acabou-se o meter os outros antes de mim. cansei-me.
fazia tempo que precisava de me encontrar outra vez e depois de tudo percebi que não preciso de fazer sacrifício por quem não devo, não a custar a minha felicidade, não por quem não me quer ou finge que não quer. farta de esperar que chegue o momento em que as coisas inexplicavelmente irão dar certo. farta de jogos, porque é muito mais bonito quando se escolhe demonstrar o que se sente.
ás vezes perguntava-me de que estaria á espera para sair daqui, daqui de dentro de mim. ter admiração pelas minhas atitudes, não ter receio de me enfrentar, ganhar tudo aquilo que mereço ter na minha vida. porque ás vezes é necessário perder as coisas para valorizar.
raios, se soubesses a volta que deste na minha personalidade, em mim, em tudo.
se soubesses a falta que me fazes todos os dias.
se soubesses de metade..

14 de maio de 2016



"Uma grande verdade sobre mim é que eu sou louca. Nasci doida e provavelmente morrerei assim também. Eu não entendo o que fazer para ser normal; eu enxergo o imaginável, o intocável. Tenho uma inenarrável dificuldade de ver o óbvio. Dito isso, eu não posso prometer felicidade à ninguém. Nunca foi uma constante para mim e, sim, uma busca. Não posso prometer que irei esquecer as diferenças, que as antigas brigas não trarão novas. Não posso prometer que vou me manter firme e forte independente da adversidade. Não mesmo. Eu vou desmoronar, eventualmente. Vou me dilacerar. Vou gritar em puro desespero. E pode ser que eu diga coisas das quais não me orgulhe. Pode ser que eu minta e que eu pareça me divertir com isso. A questão é que eu não vou te deixar em cima do muro, não vou te deixar ser meio termo. Não vou respeitar sua dor, nem a grandeza de seus problemas efémeros. Eu vou te incitar a ter suas maiores loucuras, vou te levar aos extremos. Vou te fazer perder a cabeça, o sono e o medo.

Eu não posso te prometer uma última esperança porque sequer permitirei que você desista. Eu não posso prometer que serei compreensiva com seus erros mesmo que eu os perdoe. Não vou lembrar de datas especiais, tampouco de lugares memoráveis. Eu vou viver no teu melhor sorriso, vou brilhar no reflexo dos seus olhos. Vou cantar a nossa música errada e vou rodopiar na chuva suja de terra. Eu vou palpitar com suas pequenas vitórias, te vangloriar por quase imperceptíveis atitudes. Eu vou ser a melhor e a pior parte de ti.

Eu vou bagunçar tua rotina. Trocar seus enfadonhos cartões de negócios por bilhetinhos românticos. Vou atrapalhar a sua paz, te sacudir os ombros quando estiver cansado. Para cada derrota que me contar, te direi três conquistas. Eu vou ser realista da tua alma, te conhecer no antro do seu silêncio. Vou inventar um vergonhoso dialecto em códigos e te obrigar a entender as variações. Eu quero que qualquer coisa entre mim e você seja única. Quero ser teu colo e teu apelo. Mas não quero que jamais se refira a mim como seu tudo, sua metade, seu complemento. Não posso te prometer ser nada, quem dirá, tudo.

Eu vou torcer para que você se desleixe e eu possa cuidar. Vou torcer para que se perca e me permita te achar. Vou torcer o nariz para quem já te fez bem por mero ciúmes por não ter sido eu. Vou abrir o sorriso para quem te fez mal como recompensa de ter te ajudado a ser quem é. Vou enxergar arco-íris em poças d’águas e, possivelmente, te forçar a caçar borboletas que nunca vi. Vou reinventar toda história com o final triste para te roubar gargalhadas.

Vou decorar seus passos tortos, te seguir sem perguntar, te censurar de olhos fechados. Vou me incomodar com o grave tom da sua voz pela manhã, ainda que seja a melhor parte do meu dia. Vou fazer birra estando errada e ficar furiosa se não for adulada. Vou confundir tuas palavras e usa-las a meu favor. Vou te doar todos os cómodos da minha casa, todo centímetro do meu corpo. Vou devorar o teu ciúmes, esperar de braços abertos a sua chegada.E se um dia, por acaso, quiser me deixar, eu vou engolir seco, prender o choro e abrir a porta. Eu vou te deixar ir mesmo que nunca volte e mesmo que sequer se arrependa. Eu vou te deixar ir porque quero ser quem te acrescenta; sua alavanca e, não, sua âncora. Eu vou te deixar ir porque não te prometi felicidade. Eu não posso. A única coisa que eu garanto é que você nunca ficará entediado ao meu lado."

24 de abril de 2016

escorpião.

"Ela é de escorpião, é só olhar e ver. Passos confiantes como se soubesse o segredo do mundo, olhar marcante para te despir a alma e loucura suficiente para te convencer a ser louco com ela também. Vê como ela nem liga para o que as pessoas acham do batom vermelho sangue e dos olhos pretos como sua alma. Perceba que ela sabe o poder que tem, que pouco se importa com outrem. Veja em seus olhos a liderança que ela impõem nas pessoas próximas ou o carinho com que ela trata os poucos amigos que tem. Ou talvez, tenha como exemplo essa indiferença fria que ela se relaciona com pessoas que a fizeram sofrer.
Ela é de escorpião, ela é fria como gelo. Dura como pedra, é só olhar e ver. Ela tem uma forma diferente de observar o mundo e suas facetas, ela é 8 ou 80. Vai ou fica. Você ainda não percebeu a intensidade que ela dá para as coisas? O que pra você nada importa pra ela era o que faltava para mudar o mundo. Ah e por falar em mundo, por alguém que ama ela é capaz de mover mundos e fundos, disso não tenha dúvidas. Ou ainda tem? Nunca se relacionou com uma mulher de escorpião? Rapaz, não sabe o que tá perdendo. Com ela certamente você vai viver no ápice da vida ou da morte. Sensível e manhosa em um tempo, no outro uma leoa. Tá rindo por que? Vai tentar conviver com uma dessas dia e noite e vê se estou brincando. Vai lá testemunhar a loucura que é, não vai aguentar.
Ela é possessiva ao extremo, carente ao máximo e quando confortável, apaixonante como ninguém. Você chega perto e não vai querer sair e nem ela vai te deixar sair, à menos claro, que você não seja tudo aquilo na cama. Mas se você a surpreender no sexo, com certeza ela te surpreenderá de volta. A reciprocidade, meu caro, com ela é uma loucura. Ela vai querer dominar, mas deixa eu te contar um segredo: ela ama ser dominada. Vai ter que ser firme e não se deixar levar pelos seus comando, por experiência própria, quando ela dita as regras a única coisa que vem a tua cabeça é obedecer. Seja rebelde e selvagem. Não faça suas vontades e que os deuses te protejam, por que vai ser animal. E você vai querer de novo e ela também. E assim vai ser todas as noites, fogos de artifícios irão brilhar no teu céu e você vai ter uma única certeza: que seja eterno enquanto dure e que dure para sempre.
Porque ela é de escorpião e quem não acredita que experimente uma. Ou não, é perigoso."

22 de abril de 2016

sobre amor.

hoje decidi meter em prática o que me pediram à uma semana atrás, definir o que é para mim amor.
como amor é uma palavra complexa e se manifesta de modos distintos, vou começar por distinguir algumas formas antes de chegar à derradeira conclusão:

o amor familiar e o amor da amizade: aquele que sentes pela tua família e pelos teus (verdadeiros) amigos, é um amor que gera sentimentos construtivos, profundos e duradouros com uma dificuldade extrema de serem destruíveis pela importância que tem a afinidade sanguínea (ou não) entre os membros, é o tipo de amor que nos impulsiona a preocuparmos com os outros, amor que não é fingido e não é interesseiro, porque não há preconceitos e sim aceitação em pleno pelo outro (filantrópico);
de seguida e o mais importante para mim neste momento: o amor próprio (narcisista), aquele que precisas para seres feliz verdadeiramente na tua pele e toda a tua vida, aquele que faz os outros também gostarem de ti pois é esse amor próprio (que bem equilibrado) irradia fluxo de energia para quem te rodeia, por isso ele é tão importante. é essencial aprender-se a amar a si mesmo para podermos dar também amor ou sermos amados pelos outros;
o amor romântico: aquele que sentes quando anseias profundamente unir-te com alguém, aquele que te faz acreditar em contos de fadas e no "felizes para sempre", é o acrescento na tua vida para que ela fique mais completa, mais intensa, é querer estar com alguém e que ela goste tanto de nós, como nós dela;
amor platónico: o amor impossível, o inatingível e que se fica apenas pelas ideias. aquele amor que te faz sentir em dois mundos, um onde estás sozinho e outro onde tens a pessoa perfeita contigo. este amor é o que sentes quando tens medo de sofrer com um amor real, pois é mais fácil idealizar um amor impossível mas perfeito do que vivenciar tristezas numa relação real;

estes para mim são os principais, claro que depois há outras manifestações que se podem considerar amor: amor à vida, aos objectos, amor cósmico, aos animais, ás plantas...
o amor é único, ele motiva a necessidade de protecção e faz com que nos tornemos mais "humanos". para descobrir o verdadeiro significado de amor é preciso acima de tudo permitir a nós mesmos amarmos-nos de verdade;
amor tem tantos significados que todos os dias descobrimos que ele significa tudo!