26 de janeiro de 2010

A tua voz


A geografia da cidade é plana, traçada a direito pelos caminhos que percorremos e obstáculos que afastamos. Todas as imagens se sobressaltam com o teu rosto e penso sempre que podes aparecer em cada recanto, em cada curva, em qualquer trajecto.
É uma espécie de ansiedade constante, um sinal, um sentimento, uma palavra ocultada por entre inúmeros ruídos.
É a tua voz que me eleva a alma, mesmo quando dela sobram apenas ecos, mesmo que numa fracção de um singular segundo a sombra de um corpo evapora e presencia-se apenas um eterno vazio.
É a tua voz que me dá e aperta as mãos, mesmo quando elas se encontram vazias, apenas um aroma a saudade ou talvez uma sobra de um desejo, de um sonho ou ... de uma ilusão!
É esse grito silencioso que alimenta o meu ser, que presencia o meu corpo, que sente o meu calor, mesmo quando dos lábios não saia absolutamente nada. São apenas vozes interiores entre o céu e a terra, o mar e o fogo, a luz e a escuridão, coisas opostas que nos assemelham a um só.
E é a tua voz que mesmo muda e eu surda que oiço em noites como esta! Voz que chega entrelaçada no ar que embalada num abraço, me vira o corpo do avesso, percorre todas as minhas veias e penetra no meu coração como uma flecha, originando aquilo a que chamamos de amor.


(Inspirado por um texto de Joana Freitas)