28 de dezembro de 2009

Sensações, Emoções e Ilusões



E a chuva cai lá fora, é Inverno ...
Encontro-me sózinha encolhida na minha cama enrolada a uns cobertores aconchegantes, a chorar e, como todas as outras noites, o sono não aparece.
Estou a fazer um esforço enorme para sorrir mesmo que tudo esteja perdido. Parece que nada vai mudar, mas eu tento ...
Eu sei o que quero, mas não há nenhum sinal.
Eu tento ser forte, eu tento ser capaz, inquebrável, imortal. Eu tento ser feliz e seguir em frente mesmo que seja uma mentira, mas não consigo.
Cada vez chove mais e é no meio desta chuva que me dá vontade de fugir, onde possa ser feliz sózinha, onde possa olhar para o céu e sonhar. Não sei, só sei que depois de ires não sei em que mais acredite, somente acredito na volta da chuva, mas eu sei que ela volta e tu, tu não sei...
A sensação de te ter por perto aparece e tudo se assemelha a uma realidade, mas o meus olhos focam apenas o escuro, o vazio. Sinto-te a abraçar-me, mas não te consigo alcançar.
Quando estou em mim, os meus pensamentos são instintivamente transportados para um passado que me leva a imaginar o bom que passei ao teu lado.
E sorri, ao imaginar a tua expressão, o teu perfeito sorriso que tanto me ilude, o teu olhar singular. Sentia-te tão perto que o cheiro da tua pele se sobrepôs a qualquer outro aroma existente neste quarto e o calor desse corpo fez-me temer tornar-me dependente desses braços...
De repente fui 'acordada'dos meus pensamentos por um barulho ensurdecedor na rua que transportou-me para a realidade e fez evaporar a tua imagem sobre mim.

Deitei a cabeça na almofada e adormeci com um leve sorriso ao ver-te claramente com a mão enlaçada no meu cabelo e a susurrar no meu ouvido 'Desculpa' ...


(Inspirado num texto de Rommy Santos de Araújo)

17 de dezembro de 2009

O Meu Lugar.



Enquanto gotas de chuva caiam sobre o alcatrão seco, eu voltei para casa sózinha por entre a escuridão.
O ruido ensurdecedor fazia-se sentir por entre toda a rua e mesmo que tentasse gritar ninguém me iria ouvir. Cada gota de chuva caia sobre o meu rosto unindo-se a uma lágrima e ao chegar ao meu novo lugar, as lágrimas partiram, tal como todas as coisas, todos os pensamentos, todas as pessoas, todos os momentos ...
Dias atras, ao pisar o meu antigo chão, ali no interior da casa, aquele pequeno mundo de sorrisos e de lágrimas que me pertenceu, ainda pairam todos os momentos. Os passos permanecem no corredor e o velho quarto já não tem mais ninguém. Toda a mobilia desapareceu, lá dentro já não há alivio, apenas o eco se espalha quando alguém entra e os passos ficam marcados no chão cheio de pó.
Talvez ecoem pelos quartos as últimas palavras e as útimas lágrimas, lá dentro o tempo parou e a vida lá fora permanece indiferente e deserta de simplicidade.
Todos os dias pedia um abraço, até que um dia o abraço foi de despedia e recordarei toda aquela gente com grandeza e mostrar-lhes-ei o que fui quando vivia ali.
Aquela terra sempre me pertencerá.


(Inspirado num texto de Carlucho Vitaliano)