31 de julho de 2011

"Esconde tudo, leva o meu cheiro para casa e esconde-o dentro de uma gaveta, não deixes que ninguém saiba que te quero e te desejo, não deixes que te falem de mim, não oiças o que os outros te dizem, eles não estão no meio de nós, ninguém está no meio de nós, só nós é que estamos aqui, a vida que vivemos é a nossa vida e não a que os outros querem que seja. (...) Guarda-me bem, perto de ti, sempre perto, mesmo que eu não te veja ou tu não me fales, estarei ali, junto de ti (...). Deixa-me ficar ai, ai ninguém me vê, estou protegida pela discrição da noite, pelo silêncio dos pássaros que já dormem e não nos podem denunciar. Serei uma sombra, um suspiro, um sorriso, uma festa no teu cabelo.
E a minha presença, certa e segura junto ao teu coração, vai-te trazer de volta os sons das nossas conversas, a temperatura das nossas mãos entrelaçadas uma na outra, o sabor da minha boca na tua, o meu olhar dentro do teu como se nunca tivesse partido, como se nunca mais precisasses de voltar a essa estúpida rotina que nos rege os dias e as noites, e nunca mais te sentirás uma pessoa normal, igual às outras, porque é agora que podes ser dono da tua vida e do teu coração, é agora que tudo pode acontecer de outra forma e a vida se transformar em algo que sempre sonhaste!"


Margarida Rebelo Pinto

30 de julho de 2011


 
"Olha, eu sei que o barco está furado e sei que tu também sabes, mas queria-te dizer para não parares de remar, porque ver-te a remar dá-me vontade de não querer parar também. Estás a entender? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só pedires. Nem precisas de jeitos certos, só dizeres e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas para isso preciso de saber se vais também. Porque sozinha, não vou. Não tenho como remar sozinha, eu ficaria a girar em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se prometeres remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. (...) Mas tens que prometer que vais remar também, com vontade! (...) Eu desisto rapidamente,tu sabes. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só pedires. Perco o medo de dirigir só para atravessar o mundo para te ver todo o dia. Mas tens que me prometer que vais remar comigo. Mesmo que esse barco estiver furado eu vou, basta pedir. Mas nós temos que nos afundar e descobrir que é possível nadarmos juntos. Eu ensino-te a nadar, juro! Mas tens que me prometer que vais tentar, que te vais esforçar, que vais remar enquanto for preciso, enquanto tiveres forças! Tens que me prometer que essa viagem não vai ser á toa, que vale a pena. Que por ti vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar"

Caio Fernando Abreu

(Reescrito em português)

29 de julho de 2011



"É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade. "

Clarice Lispector

12 de julho de 2011

Eu não quero saber de mais nada, vou ser feliz e já volto !



ATÉ LOGO.

6 de julho de 2011

era não era? pois era ...
e ainda me pedem para esquecer momentos assim.

5 de julho de 2011

4 de julho de 2011


Eu aumento o volume da música, coloco os meus discos para tocar,
Fecho o mundo lá fora até as luzes aparecerem,
Talvez as luzes da cidade, talvez as árvores tenham desaparecido,
Sinto o meu coração a começar a bater com a minha música preferida,
E todas as crianças dançam, todas as crianças a noite toda,
Até que a segunda-feira de manhã pareça outra vida,
Eu aumento o volume da música,
Desta vez eu vou curtir,
E o paraíso já está à vista,
Eu aumento o volume da música, coloco os meus discos para tocar,
Debaixo das pedrinhas soa uma música rebelde,
Não quero ver outra geração desistir,
Prefiro ser uma vírgula do que um ponto final,
Talvez eu esteja no escuro, talvez eu esteja de joelhos,
Talvez eu seja a lacuna entre dois trapézios,
Mas o meu coração está a bater e o meu pulso começa,
Catedrais no meu coração,
Nós vimos essa luz, eu juro, surgir a piscar,
Para me dizer que vai ficar tudo bem,
Quando voamos pelas paredes, toda a sirene é uma sinfonia,
E cada lágrima é uma cascata,
É uma cascata,

(...)

Então podes-me ferir, podes-me magoar,
Mas eu ainda erguerei a bandeira,

(...)

Coldplay - Every Teardrop Is A Waterfall


2 de julho de 2011


nem me lembro das vezes em que escrevi palavras sem conta e voltei a apagá-las tão rápido quanto as que escrevi. sinto os meus próprios pensamentos a girar dentro da minha cabeça e ainda mais, sinto o meu enorme esforço a tentar organizá-las sem sucesso repetidamente. cada dia que passa é semelhante a uma semana e uma hora para mim já me sufoca, como se me apertasse o pescoço lentamente e numa aflição a única alternativa é tentar respirar mesmo que já me esteja a sentir no fim da minha vida. á noite tudo me ataca, a nostalgia acorda-me e o cansaço mata-me devagar para que no dia seguinte não consiga ceder, pensar, agir ou sequer levantar-me. depois? depois tudo se repete, com a diferença de umas lágrimas a lavar-me a cara, a limpar os restos do dia anterior. são 4 da manhã e a única coisa que desejava era ter uma noite tranquila, sem ti a impedir o meu sono, sem ti a provocar-me a dor da tua ausência.

"Acho que não precisava ser assim. É tudo tão forte, tão profundo, tão bonito, não precisava doer como dói. Eu não podia apenas sorrir quando me lembrasse de você? Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo, mas que só você, de algum modo, fosse capaz de activar. Eu sei, é lindo. Mas logo em seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira. Sabe a sensação de arrancar um doce de uma criança? Pois é, sou essa criança. E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença. Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus cuidar da gente, amenizar essa dor e trazer logo a minha cura.”

Caio Fernando Abreu