2 de julho de 2011


nem me lembro das vezes em que escrevi palavras sem conta e voltei a apagá-las tão rápido quanto as que escrevi. sinto os meus próprios pensamentos a girar dentro da minha cabeça e ainda mais, sinto o meu enorme esforço a tentar organizá-las sem sucesso repetidamente. cada dia que passa é semelhante a uma semana e uma hora para mim já me sufoca, como se me apertasse o pescoço lentamente e numa aflição a única alternativa é tentar respirar mesmo que já me esteja a sentir no fim da minha vida. á noite tudo me ataca, a nostalgia acorda-me e o cansaço mata-me devagar para que no dia seguinte não consiga ceder, pensar, agir ou sequer levantar-me. depois? depois tudo se repete, com a diferença de umas lágrimas a lavar-me a cara, a limpar os restos do dia anterior. são 4 da manhã e a única coisa que desejava era ter uma noite tranquila, sem ti a impedir o meu sono, sem ti a provocar-me a dor da tua ausência.

"Acho que não precisava ser assim. É tudo tão forte, tão profundo, tão bonito, não precisava doer como dói. Eu não podia apenas sorrir quando me lembrasse de você? Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo, mas que só você, de algum modo, fosse capaz de activar. Eu sei, é lindo. Mas logo em seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira. Sabe a sensação de arrancar um doce de uma criança? Pois é, sou essa criança. E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença. Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus cuidar da gente, amenizar essa dor e trazer logo a minha cura.”

Caio Fernando Abreu

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