11 de setembro de 2015

de bestial a besta




"Desta minha ainda curta passagem na vida, se há lições que tenho retirado é que podemos passar de bestiais a bestas, num simples estalar de dedos. O contrário já não é bem assim, demora o seu tempo. Mas continuando no "de bestial a besta" já que é o mais comum, vejamos o seguinte:
  1. Até podemos ser super atenciosas, estarmos sempre "ali", sermos uns amores e mimi e mómó, que basta não sermos a favor de algo que convém à outra pessoa, que puuufff, lá se foi o mimi e o mómó todo;
  2. Uma simples "chamada de atenção" ou reparo, ainda que seja com a melhor intenção, também pode não ser vista com bons olhos e ser um bom motivo para passarmos à condição de besta;
  3. Não compactuarmos com uma dada situação, não por má vontade, mas por considerarmos não ser a melhor atitude por razões várias, também é meio caminho andado para levarmos com uma cruz em cima.
Posto isto, restam-nos duas alternativas:

  1. Sermos umas sonsas, darmos as chamadas "palmadinhas nas costas", e não darmos a nossa verdadeira visão das coisas, só para não levantar poeira. Afinal, o problema é da outra pessoa, se der merda, que se lixe, problema dela. E continuamos bestiais;
  2. Sermos sinceras, darmos o nosso ponto de vista da coisa, sendo que a intenção é a melhor. Se o caldo entornar, entornou. Paciência. Pelo menos alertá-mos, se der caca, não foi por falta de aviso e a nossa consciência estará tranquila, certamente. Mas...passamos a ser bestas.
Das experiências que tenho tido, começo a achar que a burra, realmente, sou eu, em optar pela segunda alternativa. Porque finas são aquelas que dizem "avé" a tudo, dão força (mesmo que não concordem e achem completamente descabido) e que dão palmadinhas nas costas do tipo "isso, isso" (mas a pensar "vai dar merda outra vez"). Pelo menos, saem sempre bem na fotografia. São as maiores, super bestiais, umas verdadeiras amigas. Mas para mim, o conceito de amizade não passa por aí. Para mim, amizade não é estar sempre a favor disto e daquilo, apoiar em tudo e mais alguma coisa, mesmo sabendo que não é certo ou que não é o melhor para a pessoa em causa, mesmo sabendo que o resultado final é só um: caca. Amizade é apoiar quando assim o deve ser, mas também é "dar na cabeça" quando é preciso. É alertar quando temos plena consciência do errado e das suas consequências. Se podermos evitar a merda, porque não?!
Hoje, as pessoas preferem a ilusão da mentira à verdade. Hoje, sermos verdadeiras com os outros, dar conselhos e uma opinião nossa, é visto como sendo uma crítica. Mesmo vindo de alguém que sabemos (ou deveríamos saber) que só quer o nosso bem. Hoje, ter opinião contrária mesmo que, devidamente argumentada, é visto como sendo um ataque.
Se todas nós fossemos mais verdadeiras connosco próprias e na relação com os outros, e se pensássemos mais naquilo que também não gostaríamos que fizessem a nós mesmas, talvez este mundo não estivesse como está, e fosse um mundo um pouco melhor.
Mas se ser verdadeira, sincera, honesta e preocupada com outrem, implica ser besta, eu quero continuar a ser uma grande besta.


Ah! Também aprendi que não vale a pena falar com paninhos quentes. Por isso, perdido por cem, perdido por mil."


(Porque me revejo na mesma !
Escrito por: A Gata de Saltos Altos)

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