9 de novembro de 2016

silêncio.
silêncio é o que há mesmo estando com a música a rebentar nos ouvidos, silêncio é o que há mesmo quando metade de mim grita porque metade de mim é o que oiço e outra metade é o que calo.
o silêncio incomoda porque é inexpressivo, ele incomoda porque é ensurdecedor, ele incomoda porque também fala.
o que é o silêncio senão ausência? e o que provoca o silêncio senão saudade? quantas palavras foram gastas até ele chegar? e o quanto somos egoístas por nos silenciar?
então sempre que houver silêncio, ouve-o! porque o silêncio também é uma resposta.
e calada num silêncio que reúne milhões de palavras e pensamentos aqui estou.
em silêncio que planeia coisas que não são compartilhadas, em silêncio que fala alto, em silêncio que me atira ao chão e faz tilintar constantemente o meu interior. silêncio que me corrói como um ácido pelos meus sentimentos; silêncio que se torna um analgésico, a cura para todos os males, o escudo para todas as flechas que vêm e virão.
silêncio, silêncio que sempre te odiei de todas as formas e feitios.
silêncio que me fizeste atirar para um poço onde eu nunca me atirei, um abismo de orgulho onde me afundo lentamente, um silêncio que me apagou a luz.
silêncio que me habituo a ti e me agarro com toda a força, silêncio que me protege de dizer o que não devo, silêncio que me estás a reconstruir mais fria, mais amarga, mais orgulhosa, mais eu.



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