24 de junho de 2012

quando dei por mim, era tarde: tinha afundado a minha cabeça na realidade. agarrei no cigarro e fumei, como se fosse um hábito que tinha á anos afastando-me de quem passasse por mim, discutindo com os meus botões e com a minha colega que se esforçava para me compreender.
- "diz-me Ana, não dói? quando alguém passa por ti e nem sequer uma palavra te diz? quando está mesmo á tua beira e nem sequer te comprimenta, como se fosses, invisivel? não dói? quando perdes alguém que estava presente todos os dias? quando lhe observas o sorriso que tantas vezes foste o motivo dele aparecer? quando olhas nos seus olhos e lembraste de tudo o viveste e ainda podias viver? não dói? saber que neste momento poderias agarrar nessa pessoa e sentar-te na areia longe de todos e ficarem juntos apenas a preencherem a falta um do outro? responde-me, estou louca? tão louca que chegue para ele estar encravado na minha memória e o seu sorriso ainda a fazer-me bem mesmo sem ser meu? diz-me!"
- "sim, dói. eu sei que dói, eu sei o que isso é!"
e com esta resposta silenciei-me, voltei a roubar-lhe o cigarro e tentei eliminar tudo o que tinha em mente, tudo o que me estava a arruinar a noite, tudo o que me destruia aos poucos por dentro, tudo o que durante anos nunca me saiu da cabeça.

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