3 de outubro de 2011

há dias em que basta escutar somente um pequeno ruído para entrar em pânico e tudo o que vivi naquele dia me invadir a mente e "sufocar-me o coração".
lembro-me de tudo ao pormenor como se fosse hoje: tinha saído de casa após uma violenta discussão entre os meus pais, estava a precisar de espaço, de apanhar ar. atravessei a rua e dirigi-me a um pequeno parque em frente; sentei-me num aborrecido banco de madeira gasta e encostei a cabeça para trás para contemplar o amplo e tranquilo céu azul quando acabei por adormecer. ainda ecoa na minha cabeça o estrondoso barulho que me despertou violentamente e me obrigou  fugir desesperadamente. um momento de plena tranquilidade tornou-se num autêntico cenário de terror: ouviam-se explosões ensurdecedoras, gritos aterrorizadores, as pessoas corriam sem rumo para se refugiarem, outras morriam sem perdão e inocentemente.
lembro-me de correr "lavada" em lágrimas em direcção a casa, com receio de não chegar, da morte, de nunca mais ver a minha família e isso fez crescer em mim um sentimento de ódio, de vergonha por um pátria que não soube evitar aquela atitude selvagem, que não soube evitar aqueles corpos inocentes ensopados em sangue e o sofrimento de muitos a lutar pela sua sobrevivência, sentimento de medo.
hoje, apesar de agradecer por ter escapado juntamente com a minha família sei que aprendi naquele dia a valorizar a vida e estar naquela situação tornou-me mais forte e segura, assim como também serviu para "abrir" os olhos a todos os que estiveram presentes a evitar o perigo a que estamos sujeitos.

(composição de português sobre a guerra)

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