"No final de mais um dia, confesso às palavras a dor que sinto, a tristeza que me invade e a confusão em que vivo. Perco-me nas letras que cuidadosamente se formam em palavras de dor, de tristeza e de confusão. São guiadas por um espírito desesperado e ganham a vida de ...uma alma cheia de sofrimento e de desânimo. Não interessa a forma que ganham enquanto os dedos digitam cada carácter, apenas a voz que desesperadamente gritam quando se realiza uma leitura rápida. Liberto nas palavras o ódio que sinto por mais momentos de fracasso numa vida que caminha calmamente para o abismo. Um abismo que se vai anunciando aos poucos e isso…bem, isso tortura-me, tira-me o sorriso do rosto bem como a força que me resta. Diante das letras, arranco a dor que me invade, a tristeza que me acompanha e a confusão que habita em mim. Digo-lhes o que penso e elas juntas dizem-me o estado em que se encontra a minha alma. Sem saber o que “dizer”, sem saber o que escrever, escuto a chuva que cai no telhado, o barulho que o vento calmamente tende a mostrar e respirando fundo sinto no meu interior o desespero…a tentativa do meu espírito se soltar…se libertar…da espécie de corrente sombria que lhe acorrenta a um sentimento de desespero e angustia. Cansado desta sensação, hoje resolvi colocar a dor, a tristeza e a confusão num “saco”. A este saco dei-lhe o nome de “esperança” e bem apertado pousei junto ao parapeito da janela…na esperança que o vento o leve…e o abra bem lá no ar…e que a brisa húmida espalhe cada pedacinho de dor, cada bocadinho de tristeza e cada restinho de confusão que eu resolvi deitar fora…e quando acordar me sentir livre, com força e com a sorte que infelizmente não quer nada comigo. Perdido nas palavras de dor, de tristeza e de confusão vou deitar-me e sonhar com um momento melhor…momento esse que numa situação idêntica me faça perder em palavras de alegria, de bem-estar e de certeza que tudo está no trilho certo."
Escrito por Rafael Marques
o que hei-de eu de dizer sobre isso? sinto-me estupidamente do mesmo modo que tu. há que ter força, certo?
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