E a chuva cai lá fora, é Inverno ...
Encontro-me sózinha encolhida na minha cama enrolada a uns cobertores aconchegantes, a chorar e, como todas as outras noites, o sono não aparece.
Estou a fazer um esforço enorme para sorrir mesmo que tudo esteja perdido. Parece que nada vai mudar, mas eu tento ...
Eu sei o que quero, mas não há nenhum sinal.
Eu tento ser forte, eu tento ser capaz, inquebrável, imortal. Eu tento ser feliz e seguir em frente mesmo que seja uma mentira, mas não consigo.
Cada vez chove mais e é no meio desta chuva que me dá vontade de fugir, onde possa ser feliz sózinha, onde possa olhar para o céu e sonhar. Não sei, só sei que depois de ires não sei em que mais acredite, somente acredito na volta da chuva, mas eu sei que ela volta e tu, tu não sei...
A sensação de te ter por perto aparece e tudo se assemelha a uma realidade, mas o meus olhos focam apenas o escuro, o vazio. Sinto-te a abraçar-me, mas não te consigo alcançar.
Quando estou em mim, os meus pensamentos são instintivamente transportados para um passado que me leva a imaginar o bom que passei ao teu lado.
E sorri, ao imaginar a tua expressão, o teu perfeito sorriso que tanto me ilude, o teu olhar singular. Sentia-te tão perto que o cheiro da tua pele se sobrepôs a qualquer outro aroma existente neste quarto e o calor desse corpo fez-me temer tornar-me dependente desses braços...
De repente fui 'acordada'dos meus pensamentos por um barulho ensurdecedor na rua que transportou-me para a realidade e fez evaporar a tua imagem sobre mim.
Deitei a cabeça na almofada e adormeci com um leve sorriso ao ver-te claramente com a mão enlaçada no meu cabelo e a susurrar no meu ouvido 'Desculpa' ...
(Inspirado num texto de Rommy Santos de Araújo)